Depois de quatro anos em produção, The Flash finalmente chega aos cinemas nesta quinta-feira, 15, comprovando que a defesa do astro-problema Ezra Miller empenhada pela DC Comics e a Warner Bros. tinha sua razão de ser: a interpretação de Miller como o icônico velocista é certeira. Durante a estreia do longa na segunda-feira, 12, Miller agradeceu aos executivos da Warner e da DC pela “graça e discernimento e cuidado” no contexto de sua vida, e por “trazerem este momento à fruição”. Foi sua primeira aparição pública após um longo período: em agosto passado, o ator divulgou um comunicado em que pedia desculpas por sua conduta e dizia que estava buscando ajuda psicológica para os “problemas complexos de saúde mental” que vinha enfrentando. O currículo de confusões em que havia se metido era, afinal, tenso — a ponto de ameaçar a reputação do filme e até do estúdio.
O onda de polêmicas começou em 2020, quando circulou pelas redes sociais um vídeo do ator aparentemente enforcando uma mulher em um bar na Islândia. Em janeiro do ano passado, ele levou o comportamento conturbado para as redes sociais, quando fez uma postagem no Instagram ameaçando a milícia racista Ku Klux Klan. Também em 2022, foi preso no Havaí em duas ocasiões. Na primeira, acusado de conduta desordeira e agressão e, menos de um mês depois, pela denúncia de que teria jogado uma cadeira em uma mulher, em uma reunião em uma residência particular. Em ambas, foi liberado com pagamento de fiança.
A extensa lista inclui ainda ordens de restrição contra Miller: em junho de 2022, a mãe de um garoto de 12 anos alegou que o ator teve comportamentos inadequados em relação ao menino, como seguir dando presentes mesmo diante de negativas, e ameaçou sua família. Na mesma época, os pais de uma jovem de 18 anos solicitaram uma ordem de proteção afirmando que o ator a conhecera quando ela tinha 12 anos e Miller 23, e que ele usava “violência, intimidação, ameaça, medo, paranoia, delírios e drogas para dominar a jovem adolescente”. A garota, no entanto, defendeu Miller pelas redes sociais, dizendo que ele apenas lhe oferecera “apoio amoroso e proteção inestimável”. O rapaz ainda foi acusado de hospedar três crianças, junto da mãe dos pequenos, em sua fazenda, supostamente com armas e drogas no local. A mulher falou em favor do astro, afirmando que recebeu “um ambiente seguro” para os filhos, longe do ex “violento e abusivo”.
Foi uma ação de maio do ano passado que quase levou Miller à prisão: o astro invadiu a casa de um vizinho e roubou garrafas de bebida alcoólica. Acabou se declarando culpado por invasão de propriedade, e a Justiça americana determinou um ano de liberdade condicional e multa de 500 dólares. No caso, Miller poderia ter encarado uma sentença máxima de 25 anos de prisão, mas teve outras denúncias de roubo e furto retiradas do pacote como parte de um acordo judicial, em que prometeu cumprir 41 condições — dentre elas não beber, passar por testes de drogas aleatoriamente e o compromisso de seguir seus tratamentos relacionados à saúde mental.
As controvérsias envolvendo o astro de The Flash podem ter certa raiz em angústias passadas. Em 2018, o ator revelou à revista americana The Hollywood Reporter que, quando era menor de idade, foi vítima de abuso sexual por um produtor e um diretor de cinema. Preferiu não comentar mais detalhes sobre o ocorrido ou os nomes de seus agressores, mas revelou que lhe deram vinho e ofereceram um papel em uma produção, que ele logo declinou.