Câmara e Senado retomam as atividades hoje e tentam definir a composição dos respectivos conselhos de ética. Há disputa entre deputados, sobra hesitação entre senadores.
Na Câmara, uns querem poder para impor aos adversários cada vírgula do Código de Ética e Decoro Parlamentar.
No Senado, há quem prefira manter distância do “tribunal” por antever uma conjuntura política com excesso de tumulto combinado a uma escassez de ideias.
Dos 513 deputados que assumiram na semana passada, quatro começam o ano legislativo com o mandato em risco: Sílvia Waiãpi (PL-AP), Clarissa Tércio (PP-PE), Abílio Brunini (PL-MT) e André Fernandes (PL-CE). Eles são acusados de graves infrações éticas na invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal em 8 de janeiro.
No Senado, prevê-se que Marcos Do Val (Podemos-ES) seja processado e julgado por participação numa trama capitaneada por Jair Bolsonaro em dezembro, quando ainda era presidente, para um golpe de estado.
Os acusados, evidentemente, reivindicam inocência. É natural num ambiente onde prevalecem inocentes: nos últimos vinte anos, os conselhos de ética do Congresso só condenaram quatro de cada cem parlamentares julgados.