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Informação e análise
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Bolsonaro tem bons motivos para ficar atento à autópsia do golpe de Trump

Enquanto Bolsonaro conversava com o "prezado companheiro" Biden, o Congresso começava a acusar o seu "amigo" Trump por crimes constitucionais

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jun 2022, 09h45 - Publicado em 11 jun 2022, 08h00

Jair Bolsonaro disse estar “maravilhado” com Joe Biden depois de conhecê-lo em Los Angeles, na Cúpula das Américas. Esperou 17 meses por esse encontro.

Biden, 79 anos, tem mais tempo de estrada política do que Bolsonaro possui de vida adulta. Elegeu-se senador pelo Delaware em 1972, quando Bolsonaro, com 17 anos, era aspirante na escola de cadetes do Exército. Atravessou seis mandatos consecutivos no Senado antes de ser tornar vice-presidente de Barack Obama e, na eleição presidencial de 2020, derrotou Donald Trump.

Bolsonaro passou os últimos três anos hostilizando Biden, em público e gratuitamente. Fez isso durante a disputa com Trump, no período pós-eleitoral, na época da posse na Casa Branca e no primeiro ano de mandato do presidente americano.

Em Los Angeles, Biden mostrou a Bolsonaro que governar também é administrar ambiguidades. Com sutileza diplomática indicou um dos principais motivos para o Brasil estar relegado à relativa incerteza na agenda de política externa dos EUA: a instabilidade democrática.

Com Trump, os americanos descobriram o significado da expressão “assalto à democracia” — e Biden foi privilegiado observador dos efeitos corrosivos dessa forma de conspirata.

Ele elogiou o “robusto” sistema eleitoral brasileiro, cuja credibilidade Bolsonaro tenta minar — com algum êxito, indicam pesquisas.

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(./VEJA)
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Biden ouviu em resposta uma afirmação de fé do candidato à reeleição no Brasil: “Cheguei [ao governo] pela democracia e tenho certeza de que quando deixar o governo também será de forma democrática.”

Nenhuma novidade porque esse é o rito constitucional, mas é o contrário do que ele diz ou insinua há pelo menos dois anos. É notável, sobretudo, que tenha achado necessário realçar essa posição na conversa com o “prezado companheiro”, como se referiu ao presidente americano.

É notável que Bolsonaro tenha achado necessário dizer a Biden que, quando deixar o governo, “também será de forma democrática”

Ontem, explicou: “Foi por alto a conversa [com Biden, sobre o sistema eleitoral brasileiro]. Eu não estou trazendo problemas do Brasil para cá, eu não vou entrar nessa discussão (…) Todos nós queremos, como a grande parte do TSE, eleições limpas, transparentes e auditáveis. Na reunião reservada, que é segredo de Estado, obviamente, ele se comprometeu a colaborar conosco, assim como as nações civilizadas fazem, para o bem dos nossos povos, e a manutenção da democracia, da liberdade. (…) Comungamos da mesma percepção. Ficou bom para ele e ficou bom para mim.”

Enquanto conversavam em Los Angeles, do outro lado do mapa dos EUA, em Washington, a 4,2 mil quilômetros de distância, o Congresso americano começava a expor a autópsia da tentativa fracassada de golpe de estado patrocinada por Trump. Ele queria continuar no poder, mesmo depois da vitória de Biden nas urnas em novembro de 2020.

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Trump, a quem Bolsonaro se refere como “amigo”, corre o risco de acabar na cadeia por conspiração contra o regime democrático e uma variedade de delitos contra a Constituição, como sedição e a invasão do prédio do Congresso (dois manifestantes e três policiais morreram nos dias seguintes ao ataque de 6 de janeiro de 2021, outros quatro agentes de segurança do Capitólio se suicidaram e 140 policiais ficaram feridos.)

Bolsonaro viu em Trump uma referência de ação política. Aderiu à cartilha da extrema-direita dos Estados Unidos e é assessorado por gente que leva embaixo do braço manuais de agitação desenvolvidos por grupos radicais, como americano QAnon. Deu errado. Governa e luta pela reeleição numa etapa em que a novidade política na América Latina é a rejeição recorde dos presidentes.

Bolsonaro viu em Trump uma referência política na extrema-direita. Tem bons motivos para prestar atenção no julgamento político do seu ‘amigo’

Bolsonaro, certamente, possui as melhores razões para prestar atenção no julgamento político do seu ‘amigo’ Trump iniciado no Congresso americano.

As audiências em Washington contêm mais do que a história da derrota de uma tentativa de golpe de estado, lembrou na quinta-feira a deputada Liz Cheney, do Partido Republicano de Wyoming, enquanto Bolsonaro conversava com Biden em Los Angeles.

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Elas são pedagógicas. Principalmente, sobre o dever constitucional de servidores públicos na defesa dos valores fundamentais da democracia.

Ela é filha de Dick Cheney, falcão republicano, arquiteto da guerra global ao terrorismo, o vice-presidente que, na prática, governou os EUA na administração George Bush (2001 a 2009).

Foi incisiva ao relatar o caso a trama golpista diante de parlamentares aliados do ex-presidente Trump, na audiência da comissão de investigação da Câmara: “Digo isto aos meus colegas republicanos que defendem o indefensável: chegará o dia em que Donald Trump não estará mais aqui, mas a sua desonra permanecerá.”

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Liz Cheney, deputada do Partido Republicano pelo Wyoming, relatora da comissão parlamentar  americana que apura a invasão do Capitólio e a conspiração para Donald Trump anular as eleições de 202o e seguir no poder — (./Reprodução)

Eis alguns trechos do seu relato, na primeira da série de audiências públicas previstas para este mês:

“Às 18h01 do dia 6 de janeiro, depois de passar horas assistindo a uma multidão violenta sitiar, atacar e invadir nosso Capitólio [sede do Congresso], Donald Trump tuitou. Mas ele não condenou o ataque.

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Em vez disso, justificou: ‘Estas são as coisas e eventos que acontecem’ — disse ele — ‘quando uma vitória eleitoral esmagadora sagrada é tão sem cerimônia e cruelmente arrancada de grandes patriotas que foram mal e injustamente tratados por tanto tempo.’

Como você verá nas próximas audiências, o presidente Trump acreditava que seus apoiadores no Capitólio, e cito, ‘estavam fazendo o que deveriam estar fazendo’.

(…) Você ouvirá [depoimentos de assessores da Casa Branca contando] que o presidente Trump estava gritando e ‘muito zangado com os conselheiros que lhe disseram que ele precisava fazer algo mais’. E, ciente dos gritos dos desordeiros para ‘enforcar Mike Pence’ [vice-presidente, contrário à invasão], Trump respondeu: ‘Talvez nossos apoiadores tenham a ideia certa’. Mike Pence merece isso.’

(…) Verá evidências do que motivou essa violência, inclusive diretamente daqueles que participaram desse ataque.

“O presidente Trump convocou a multidão, reuniu a multidão e acendeu a chama do ataque à sede do Congresso. Não foi espontâneo”

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(…) Mostraremos o que eles disseram no tribunal federal. Nesse ponto, não há espaço para debate. Aqueles que invadiram nosso Capitólio e lutaram contra a aplicação da lei por horas foram motivados pelo que o presidente Trump lhes disse: que a eleição foi roubada e que ele era o presidente legítimo.

O presidente Trump convocou a multidão, reuniu a multidão e acendeu a chama desse ataque.

“Também ouvirá falar de conspirações para cometer conspiração sediciosa em 6 de janeiro — um crime definido em nossas leis como “conspirar para derrubar, derrubar ou destruir pela força o governo dos Estados Unidos, ou se opor pela força à autoridade dele.”

Apoiadores do presidente Donald Trump dentro do Capitólio, Washington. 06/01/2021
Apoiadores do presidente Donald Trump dentro do Capitólio, Washington. 06/01/2021 (Roberto Schmidt/AFP)

Vários membros de dois grupos, os Oath Keepers e os Proud Boys, foram acusados deste crime por seu envolvimento nos eventos que antecederam e ocorreram em 6 de janeiro. Alguns se declararam culpados.

O ataque ao nosso Capitólio não foi um motim espontâneo. A inteligência disponível antes de 6 de janeiro identificou planos para “invadir” o Capitólio, “ocupar” o Capitólio e tomar outras medidas para interromper a contagem de votos eleitorais do Congresso naquele dia.

(…) Vou descrever para vocês um pouco do que nosso comitê apurou e destacar as conclusões iniciais que vocês verão este mês em nossas audiências.

Ao ouvir isso, todos os americanos devem ter em mente este fato: na manhã de 6 de janeiro, a intenção do presidente Donald Trump era permanecer presidente dos Estados Unidos, apesar do resultado legal das eleições de 2020 e em violação de sua obrigação constitucional de renunciar.

Durante vários meses, Donald Trump supervisionou e coordenou um plano sofisticado de sete partes para anular a eleição presidencial e impedir a transferência do poder presidencial.

Em nossas audiências, você verá evidências de cada elemento deste plano.

“Trump e assessores sabiam que ele havia, de fato, perdido a eleição, mas espalharam que haviam roubado a eleição dele”

Vocês verão que Donald Trump e seus assessores sabiam que ele havia, de fato, perdido a eleição. Mas, apesar disso, o presidente Trump se envolveu em um esforço maciço para espalhar informações falsas e fraudulentas — para convencer grandes porções da população dos EUA de que houve fraude, de que haviam roubado a eleição dele. E isso não era verdade.

Jason Miller era um porta-voz sênior da campanha Trump. Miller descreve [em video exibido] uma ligação entre o especialista em dados internos da campanha de Trump e o presidente alguns dias após a eleição de [novembro de] 2020:

[Miller:] ‘Eu estava no Salão Oval. Em algum ponto da conversa, Matt Oczkowski, que era o principal responsável pelos dados, foi trazido e lembro que ele avisou ao presidente, em termos bastante contundentes, que ele perderia.

[Pergunta:] “E isso foi baseado, Sr. Miller, na avaliação de Matt e da equipe de dados desse tipo de condado por condado, estado por estado, conforme relatado?

[Miller:] Correto.

(…) O conselheiro geral da campanha de Trump, Matt Morgan, deu testemunho semelhante. Ele explicou que todas as alegações de fraude e outros argumentos eleitorais da campanha, tomados em conjunto e vistos da melhor maneira possível para o presidente Trump, ainda não poderiam mudar o resultado da eleição.

O procurador-geral do presidente Trump, Bill Barr, também disse a Donald Trump que suas alegações eleitorais estavam erradas:

[Barr:] E eu disse repetidamente ao presidente, em termos inequívocos, que não via evidências de fraude, você sabe, que afetariam o resultado da eleição. E, francamente, um ano e meio depois, não vi nada que me fizesse mudar de ideia sobre isso.

(…) Muitos funcionários da Casa Branca do presidente Trump também reconheceram que as evidências não apoiavam as alegações que o presidente Trump estava fazendo.

“Ele investiu milhões de dólares para espalhar informações falsas sobre fraude na eleição e provocou a violência”

(…) O presidente tinha todo o direito de litigar suas reivindicações de campanha, mas acabou perdendo mais de 60 ações nos tribunais estaduais e federais.

As alegações do presidente nos casos eleitorais foram tão frívolas e sem respaldo que o principal advogado do presidente, Rudy Giuliani, não apenas perdeu os processos, como sua licença para exercer a advocacia foi suspensa.

Aqui está o que o tribunal disse do Sr. Giuliani: Giuliani ‘comunicou declarações comprovadamente falsas e enganosas a tribunais, legisladores e ao público em geral como advogado do ex-presidente Donald J. Trump e da campanha de Trump em conexão com o esforço fracassado de Trump na reeleição em 2020’.

Como você verá em detalhes nestas audiências, o presidente Trump ignorou as decisões dos tribunais de nossa nação, ele ignorou sua própria liderança de campanha, sua equipe da Casa Branca, muitos funcionários republicanos do estado, ele ignorou o Departamento de Justiça e o Departamento de Segurança Interna.

O presidente Trump investiu milhões de dólares em fundos de campanha propositalmente espalhando informações falsas, veiculando anúncios que ele sabia serem falsos e convencendo milhões de americanos de que a eleição era corrompida e ele era o verdadeiro presidente.

Esta campanha de desinformação provocou a violência em 6 de janeiro.

(..) O presidente Trump planejou de forma corrupta substituir o procurador-geral dos Estados Unidos para que o Departamento de Justiça dos EUA divulgasse suas falsas alegações eleitorais roubadas.

“Trump disse a funcionários do Departamento de Justiça: ‘Apenas diga que a eleição foi corrompida e deixe o resto para mim e para os republicanos'”

Nos dias anteriores a 6 de janeiro, o presidente Trump disse a seus principais funcionários do Departamento de Justiça: ‘Apenas diga que a eleição foi corrupta e deixe o resto para mim e para os congressistas republicanos’.

Altos funcionários do Departamento de Justiça, homens que ele havia nomeado, disseram que não podiam fazer isso, porque não era verdade. Então o presidente Trump decidiu substituí-los.

(…) Em nossas audiências, você ouvirá em primeira mão como a alta chefia do Departamento de Justiça ameaçou renunciar; como o Conselho da Casa Branca ameaçou renunciar; e, como eles confrontaram Donald Trump e [o advogado privado Jeff Clark] no Salão Oval.

Os funcionários envolvidos, incluindo o procurador-geral interino Jeff Rosen e o vice-procurador-geral interino Richard Donoghue, foram nomeados pelo presidente Trump. Esses homens honraram seus juramentos de posse. Eles cumpriram seu dever.

“O que Trump exigiu que o vice Mike Pence fizesse não era apenas errado; era ilegal e inconstitucional”

(…) Vamos nos concentrar nos esforços do presidente Trump para pressionar o vice-presidente Mike Pence [que também presidia o Congresso] a se recusar a contar os votos eleitorais em 6 de janeiro.

O vice-presidente Pence falou publicamente sobre isso: ‘O presidente Trump está errado. Eu não tinha o direito de anular a eleição. A presidência pertence ao povo americano e somente ao povo americano. E, francamente, não há ideia mais antiamericana do que a noção de que qualquer pessoa pode escolher o presidente americano’.

O que o presidente Trump exigiu que Mike Pence fizesse não era apenas errado; era ilegal e inconstitucional.

(…) O vice-presidente Pence demonstrou sua lealdade a Donald Trump consistentemente ao longo de quatro anos, mas sabia que tinha um dever maior – com a Constituição dos Estados Unidos.

“Trump pressionou de forma corrupta legisladores e funcionários eleitorais para alterar os resultados das eleições e não tomou medidas para interromper a violência”

(…) O presidente Trump pressionou de forma corrupta os legisladores estaduais e funcionários eleitorais para alterar os resultados das eleições.

(…) O presidente Trump convocou uma multidão violenta e os orientou, ilegalmente, a marchar contra o Capitólio dos EUA. Enquanto a violência estava em andamento, o presidente Trump não tomou medidas imediatas para interromper a violência e instruir seus apoiadores a deixar o Capitólio.

Ao apresentarmos essas descobertas iniciais, tenha em mente dois pontos. Primeiro, nossa investigação ainda está em andamento, portanto, o que tornamos público não será o conjunto completo de informações que divulgaremos. E segundo, o Departamento de Justiça está atualmente trabalhando com testemunhas cooperantes e divulgou até o momento apenas algumas das informações que identificou de comunicações criptografadas e outras fontes.

Em 18 de dezembro de 2020, um grupo incluindo o general Michael Flynn, Sidney Powell, Rudy Giuliani e outros visitou a Casa Branca. Eles ficaram até tarde da noite.

“Na Casa Branca, discutiram uma série de medidas dramáticas, incluindo como fazer com que os militares apreendessem as urnas”

Sabemos que o grupo discutiu uma série de medidas dramáticas, incluindo fazer com que os militares apreendessem as urnas e potencialmente repetissem as eleições.

(…) O presidente Trump se reuniu com esse grupo sozinho por um período de tempo antes que os advogados da Casa Branca e outros funcionários descobrissem que o grupo estava lá e corressem para intervir.

Pouco mais de uma hora depois [os principais assessores] finalmente deixaram a Casa Branca, o presidente Trump enviou o tweet [exibido] dizendo às pessoas para virem a Washington em 6 de janeiro: ‘Esteja lá’, ele os instruiu. ‘Será Selvagem!’

(…) Este foi um momento crucial. Este tweet iniciou uma cadeia de eventos. O tweet levou ao planejamento do que ocorreu em 6 de janeiro, inclusive pelos Proud Boys, que lideraram a invasão do Capitólio e a violência naquele dia.

(..) Embora alguns ex-funcionários de Trump tenham argumentado que não previram a violência em 6 de janeiro, as evidências sugerem o contrário.

“Na véspera da invasão, o conselheiro presidencial Steve Bannon disse em podcast: ‘O inferno vai acontecer amanhã'”

A Casa Branca estava recebendo relatórios específicos nos dias anteriores a 6 de janeiro (…) indicando que elementos na multidão estavam se preparando para a violência no Capitólio. E, na noite de 5 de janeiro, o conselheiro próximo do presidente, Steve Bannon, disse isso em seu podcast: ‘O inferno vai acontecer amanhã. Apenas entenda isso, todo o inferno vai acontecer amanhã.’

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A brasileira Leticia Vilhena Ferreira participou da invasão da sede do Congresso americano. Ela foi presa em fevereiro e está sendo processada, junto a outras 700 pessoas, sob acusação de participar do ataque incitado pelo ex-presidente Donald Trump — (FBI/Reprodução)

Como parte de nossa investigação, apresentaremos informações sobre o que a Casa Branca e outras agências de inteligência sabiam e por que o Capitólio não estava melhor preparado.

Mas não vamos perder de vista o fato de que a Polícia do Capitólio não fez com que a multidão atacasse. E não vamos culpar os oficiais que corajosamente defenderam a todos nós pela violência daquele dia, a violência provocada por Donald Trump.

“No Capitólio, durante a invasão, líderes partidários, incluindo o do Partido Republicano, que estava assustado, imploraram ajuda ao presidente, que não agiu”

(…) Você ouvirá que líderes no Capitólio imploraram ajuda ao presidente, incluindo o líder republicano McCarthy, que estava “assustado” e ligou para vários membros da família do presidente Trump depois que ele não conseguiu persuadir o próprio presidente.

O presidente Trump não apenas se recusou a dizer à multidão para deixar o Capitólio, como também não ligou para nenhum elemento do governo dos EUA para instruir que o Capitólio fosse defendido.

Ele não ligou para seu secretário de Defesa em 6 de janeiro. Ele não falou com seu procurador-geral. Ele não falou com o Departamento de Segurança Interna. O presidente Trump não deu ordem para mobilizar a Guarda Nacional naquele dia e não fez nenhum esforço para trabalhar com o Departamento de Justiça para coordenar e implantar recursos de aplicação da lei. Mas o vice-presidente Pence fez cada uma dessas coisas.

(…) Você ouvirá de testemunhas como foi aquele dia dentro da Casa Branca, como vários funcionários da Casa Branca renunciaram com desgosto e como o presidente Trump não pediu a seus apoiadores que deixassem o Capitólio.

“Depois de horas de violência, Trump divulgou um video dizendo aos invasores: ‘Vocês são muito especiais'”

Foi somente depois de várias horas de violência que o presidente Trump finalmente divulgou um vídeo instruindo a multidão tumultuada a sair e, ao fazê-lo, disse a eles: ‘Nós amamos vocês. Vocês são muito especiais.’

(…) Logo após o dia 6 de janeiro, membros da família do presidente, funcionários da Casa Branca e outros tentaram intervir para estabilizar a situação, ‘para pousar o avião’, antes da Transição Presidencial em 20 de janeiro.

Você ouvirá sobre membros do gabinete Trump discutindo a possibilidade de invocar a 25ª Emenda [constitucional] e substituir o presidente dos Estados Unidos.

Vários membros do gabinete do próprio presidente Trump renunciaram imediatamente após 6 de janeiro. (…)

A equipe da Casa Branca sabia que o presidente Trump estava disposto a manter e usar teorias da conspiração para alcançar seus objetivos.

Eles sabiam que o presidente precisava ser afastado de todos aqueles que o encorajaram.

“A equipe da Casa Branca sabia que Trump era perigoso demais para ser deixado sozinho, pelo menos até deixar o cargo”

Eles sabiam que o presidente Donald Trump era perigoso demais para ser deixado sozinho. Pelo menos até ele deixar o cargo em 20 de janeiro.

Esses são fatos importantes para o Congresso e o povo americano entenderem completamente.

Quando um presidente deixa de tomar as medidas necessárias para preservar nossa união, ou pior, provoca uma crise constitucional, estamos em um momento de perigo máximo para nossa República.

Alguns na Casa Branca tomaram medidas responsáveis para tentar impedir o 6 de janeiro. Outros instigaram o presidente. Outros, que poderiam ter agido, recusaram-se a fazê-lo.

“As pessoas em cargos de confiança pública têm o dever de defender a Constituição – dar um passo à frente quando for necessária uma ação”

Nesse caso, o advogado da Casa Branca estava tão preocupado com as atividades potencialmente ilegais [de Trump] que ameaçou renunciar várias vezes.

Isso é extremamente raro e extremamente sério. Requer atenção imediata, especialmente quando toda a equipe ameaça se demitir. No entanto, na Casa Branca de Trump, não foi extremamente raro e não foi tratado com seriedade.

(…) Há uma razão pela qual as pessoas que servem em nosso governo fazem um juramento à Constituição. Como reconheceram nossos fundadores, a democracia é frágil. As pessoas em cargos de confiança pública têm o dever de defendê-la – dar um passo à frente quando for necessária uma ação.

Em nosso país, não fazemos juramento a um indivíduo ou a um partido político. Fazemos nosso juramento de defender a Constituição dos Estados Unidos. E esse juramento deve significar alguma coisa.

“Digo aos colegas republicanos: chegará o dia em que Trump não estará mais aqui, mas a sua desonra permanecerá”

Esta noite, digo isto aos meus colegas republicanos que defendem o indefensável: chegará o dia em que Donald Trump não estará mais aqui, mas a sua desonra permanecerá.

(…) Lembrem-se do que está em jogo. Lembrem-se dos homens e mulheres que lutaram e morreram para que possamos viver sob o Estado de Direito, não o governo dos homens.

(…) A sagrada obrigação de defender essa transferência pacífica de poder foi honrada por todos os presidentes americanos… Exceto um.

(…) Todos nós temos o dever de garantir que o que aconteceu em 6 de janeiro nunca aconteça novamente, deixar de lado as batalhas partidárias para nos unirmos para perpetuar e preservar nossa grande República.”

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