O presidente Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de acrescentar mais um absurdo para sua interminável lista de feitos destituídos de pudor. Desta vez, quer usar a guerra como pretexto para atacar os indígenas brasileiros.
Em sua conta no Twitter, que este colunista não consegue acompanhar facilmente por estar bloqueado, Bolsonaro escreveu a seguinte raciocínio:
“Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”.
Para o presidente, o Brasil é dependente de fertilizante porque não tem potássio. E a solução então seria aprovar um antigo projeto dele sobre mineração em terras indígenas para poder explorar o importante elemento químico.
Bolsonaro quer, na verdade, algo absurdo: “tirar a casquinha” da guerra – vejam vocês – para aprovar um projeto tenebroso que sua gestão defende com unhas e dentes – projeto este que não faz sentido. Foi rejeitado até por conservadores. Isso, além de afrontar a Constituição que protege as terras indígenas.
O problema é que nos acostumamos a ver Bolsonaro afrontar a Constituição. Neste caso, contudo, desde o início do governo, em 2019, o presidente força sua mão violenta sobre os indígenas.
O projeto que Bolsonaro defende não traz garantia nenhuma de que o Brasil ficará auto-suficiente em fertilizantes, como é hoje a Rússia. Mas temos certeza de uma coisa: aumentarão as mortes e a violência contra os indígenas por mais invasões de garimpeiros.
Ou seja, é tentar pegar carona em uma tragédia, que é a guerra, para botar de pé, dar um empurrão num projeto ruim que ele mesmo mandou para o congresso, mas que não andou muito.
Felizmente e por sorte, tá?
O presidente da Câmara, Arthur Lira, se mostrou completamente aderente à pauta antiambiental de Bolsonaro. E… já mostrou várias vezes.