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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O que revela a despedida covarde de Bolsonaro

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 dez 2022, 09h43

Depois de longos dias de silêncio e com quase nenhum trabalho, o presidente Jair Bolsonaro se “despediu” do cargo em uma transmissão ao vivo na qual fez exatamente o que vimos nos últimos quatro anos: atacou instituições, manteve suas teorias conspiratórias e falou apenas aos seus eleitores, esquecendo que governa um país inteiro.

O pronunciamento do presidente, feito em sua rede social, mostra que sua intenção era falar aos seus apoiadores. Em vez de falar em rede nacional, preferiu se dirigir aos seus seguidores.

Bolsonaro fez um balanço de sua gestão, disse que seu governo resgatou o patriotismo e a bandeira (embora tenham, na verdade, sequestrado a bandeira para si) e disse que deu o sangue na presidência.“Eu vou dizer que fui o melhor presidente do mundo? Não, não vou dizer isso. Dei o meu sangue ao longo desses quatro anos”.

O presidente ainda deu a entender que tentou fazer algo para impedir a posse de Lula, mas não teve apoio.

“Está prevista a posse agora no dia 1º de janeiro. Eu busquei dentro das quatro linhas, dentro das leis, respeitando a Constituição, uma saída pra isso aí. Se tinha alternativa, se a gente poderia questionar alguma coisa dentro das quatro linhas. […] Mesmo dentro das quatro linhas temos que ter apoios. Alguém acha que é pegar uma caneta BIC e assinar?”, questionou.

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Dias após a prisão do terrorista George Washington, Bolsonaro finalmente comentou o caso e condenou o ato.

“Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de um ato terrorista, aqui na região do aeroporto de Brasília. Nada justifica. Um elemento, que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com qualquer cidadão”, disse.

E o presidente não perdeu a oportunidade de atacar o resultado das urnas, mais uma vez.

“Tivemos também ali certas medidas adotadas pela Justiça Eleitoral que ninguém conseguia entender. Fui proibido de fazer live em casa. Tivemos problemas. Foi uma campanha imparcial? Obviamente que foi parcial. […]  Se você duvidar da urna você tá passível de repetir o processo, isso é crime. Mas tudo bem, não vamos duvidar das urnas aqui”, afirmou.

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Os minutos de discurso deixaram claro que Bolsonaro não aprendeu nada. Nem a derrota para Lula nem o recorde negativo sobre sua gestão trouxeram senso de realidade ao futuro ex-presidente.

Bolsonaro deixa o cargo exatamente como entrou: falando apenas para a sua bolha extremista e mantendo aceso em seus apoiadores radicais o ímpeto de questionar, sem provas, o trabalho de quem não apoia cegamente seus ideais.

 

(PS – Pior. Sem agenda oficial, o mandatário ainda fugiu do país durante uma transferência de poder, o que é inédito em 200 anos de História. É ou não é covardia?)

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