O general da reserva Joaquim Silva e Luna não fez como outros colegas de fardas, se calando diante de impropérios de Jair Bolsonaro.
Não, não. Não agora.
O presidente da Petrobras, como vinha apontando a coluna, acabou demitido (sairá no mês que vem), mas resolveu enfrentar o presidente da República.
“Não há lugar para aventureiro dentro da empresa hoje. A não ser que mude a legislação. Mude a lei, mude a Constituição, aí tem. Mas hoje não tem espaço para aventureiro dentro da empresa”, afirmou Silva e Luna um dia após Bolsonaro intervir na Petrobras e encurtar o mandato dele que iria até 2023.
Sim, Joaquim Silva e Luna trabalha para o presidente há mais de 340 dias, mas não abaixou a cabeça para o método bolsonarismo nesta saída da estatal do petróleo.
Num ano eleitoral conturbado – em que o reajuste de 18,77% na gasolina e o de 24,9% no diesel na refinaria atrapalha os planos do presidente -, Bolsonaro tenta de tudo para ferir novamente a democracia brasileira, como já vinha fazendo em relação à outras instituições: a Ex-Polícia Federal, o Ex-Ministério Público Federal, o Ex-Coaf…
Agora quer transformar a empresa em Ex-Petrobras…
Joaquim Silva e Luna, por hora, não deixou. Adriano Pires, bastante conhecido no meio, dificilmente conseguirá fazer o que Bolsonaro realmente quer, que é mudar a política de preços da Petrobras. Existem leis. Lei das estatais, lei das empresas de capital aberto e o estatuto da empresa…
“Não, a empresa [Petrobras] não pode fazer política partidária, a empresa não pode fazer política pública. Não pode, não pode fazer. É a lei que não permite”, completou o general Silva e Luna.
Se a ideia do presidente é mostrar para os seus seguidores mais extremados que está tentando, nem isso será possível. Como mostrou a coluna, até mesmo eleitores de extrema-direita Bolsonaro apontam que a gestão atual tem responsabilidade pela inflação alta.
É o Bolsonaro acuado e desesperado.
Podem esperar que ele, o presidente, tentará dar uma de aventureiro contra a Petrobras.