Responsável por mais de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB), o setor de serviços é o mais importante da economia brasileira e também foi o que mais sofreu com as medidas de isolamento social. Parcela significativa desse universo, os bares e restaurantes quase não sobreviveram ao início da disseminação do novo coronavírus, mas hoje tem a expectativa de que, com a chegada da vacina, liderem a retomada do consumo. Algumas empresas, inclusive, tiram da gaveta os planos de expansão pelo território nacional. É o caso da rede de culinária nordestina Coco Bambu. Fundada em Fortaleza (CE), em 1989, ela projetava a inauguração de 18 estabelecimentos, mas só sete saíram do papel. Para 2021, Afranio Barreira, fundador do Coco Bambu, projeta pelo menos 16 inaugurações, mesmo que o imunizante para o vírus não venha tão logo. A rede deve investir algo em torno de 150 milhões de reais em expansões no próximo ano.
Posicionado no modelo de casual dining (jantar casual, em tradução livre), onde disputa espaço com redes como Outback e Madero, a Coco Bambu ultrapassou a barreira de 1 bilhão de reais em faturamento em 2019. Mas, por conta da pandemia e do fechamento forçado de unidades, verá suas vendas decrescerem este ano. A empresa projeta terminar o ano com faturamento próximo a 800 milhões de reais, uma queda de pelo menos 20% da receita. “Nossas vendas chegaram a cair 70%. Em dado momento, ficamos vendendo apenas por meio do delivery e com retirada nas lojas. Mas, levando em consideração os efeitos da pandemia, acho que nos saímos relativamente bem”, afirma Barreira. “Não precisamos pegar empréstimo para passar por esse momento mais delicado. Usamos apenas 20% de nossa reserva de caixa.” Parte desse montante, inclusive, foi usado para o desenvolvimento de um aplicativo móvel de vendas, para não depender somente do iFood, companhia com a qual o Coco Bambu tem uma parceria exclusiva — a qual Barreira avalia ser bem-sucedida. “As plataformas de delivery foram importantíssimas no início da pandemia. Se não fosse por elas, o trauma na economia teria sido muito maior”, diz.
Em busca de novos públicos e mercados, a marca da culinária de frutos diversificou sua atuação recentemente. Em junho de 2019, inaugurou o Coco Bambu Conceito, no Shopping Vila Olimpia, em São Paulo. Trata-se de um modelo enxuto, sem salão de festas, com cardápio reduzido e espaço de até 300 metros quadrados. “São lojas menores, localizadas em shopping centers. A nossa aposta é expandir o modelo em São Paulo, mirando o público executivo”, conta. Hoje, são duas unidades. Outras duas operações estão em fase de obras. Para disputar mercado com Outback e Madero, o Coco Bambu lançou também uma nova marca. Chamada Vasto, o restaurante que homenageia uma região homônima da Itália tem um cardápio recheado com carnes nobres, sanduíches e massas. Apesar da inspiração europeia, a bandeira está mais próxima das steakhouses tão populares nos EUA. Hoje, há apenas uma unidade em Brasília. Em breve, outras duas operações serão inauguradas — uma em Campinas, interior de São Paulo, e uma segunda em Brasília. Fortaleza e Belo Horizonte também estão no roteiro da expansão.
O empresário afirma que, hoje, o assunto Covid-19 já é quase uma página virada dentro das unidades. Mesmo com as restrições de capacidade de ocupação e horário, os estabelecimentos do Coco Bambu já estão faturando cerca de 90% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Se não fosse pelo distanciamento social e pelas pessoas usando máscaras, eu diria que voltamos à normalidade”, afirma. “As pessoas estavam doidas para sair de casa. Os nossos restaurantes estão com filas de espera quase todos os dias. Acho que o pior já passou”, diz ele. A torcida dele e de outros empresários do setor é de que o normal se restabeleça. De preferência, sem uma segunda forte onda de contaminações de Covid-19.