A disparada avassaladora no número de casos e mortes por Covid-19 no Brasil obrigou os restaurantes a darem um passo para trás e fecharem as portas para o consumo local. Assim como em 2020, o delivery passou a responder por grande parte das receitas dos estabelecimentos. Com a popularização de aplicativos como Rappi, iFood e Uber Eats, o serviço, que antes era intermediado pelo telefone, passou a ser realizado majoritariamente pelas plataformas on-line. Uma das maiores reclamações dos restaurantes era a alta comissão cobrada pelos aplicativos, mas, com o crescimento nas vendas, o percentual vem caindo ao longo tempo.
Nesta quarta-feira, 24, a Rappi anunciou que vai reduzir temporariamente as comissões a que tem direito em sua plataforma. A partir de 1° de abril, a comissão máxima será de 18% no modelo full service (quando a entrega é feita pela Rappi), com duração prevista até 30 de junho. Já para o modelo marketplace (quando a entrega é feita pelo restaurante), a comissão máxima será de 5%, até 31 de dezembro. A empresa já havia diminuído o repasse de pagamentos de 14 dias para 7 dias e oferecido 100 milhões de reais para ajudar com o fluxo de caixa dos restaurantes parceiros.
Vale lembrar que as novas regras anunciadas nesta quarta-feira serão válidas apenas para os restaurantes associados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
No último dia 10, o iFood já havia adotado uma postura semelhante, quando cortou de 23% para 18% a taxa do modelo full service, mas a medida vale apenas até o dia 31 de março. “Se uma empresa que não é a líder de mercado teve como reduzir por mais tempo, a gente espera que outras plataformas também entrem no movimento”, disse Paulo Solmucci, presidente da Abrasel. De acordo com o chefe da associação, as comissões chegaram a representar até 30% do valor dos pedidos em anos anteriores.
O corte nas taxas do Rappi acontece em meio a um momento delicado para os bares e restaurantes. Uma pesquisa aponta que 72% dos estabelecimentos em São Paulo estão com prejuízo. No Brasil, esse número é de 60%. “Os próximos meses são vitais para a sobrevivência do setor”, ressalta Solmucci. A categoria ainda pleiteia o retorno do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) e a extensão do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, o BEm está em fase final de estudos e pode ser anunciado nas próximas semanas.