Opositor de Putin, Navalny é colocado em solitária em prisão no Ártico
É a 25ª vez que o ativista é submetido a essa punição, enquanto cumpre pena de 30 anos após expor uma suposta rede de corrupção no Kremlin
Maior representante da oposição a Vladimir Putin na Rússia, Alexei Navalny foi colocado em confinamento solitário por 10 dias, informou sua porta-voz Kira Yarmysh, na segunda-feira 22. Ele teria sido isolado por “se apresentar incorretamente” a um guarda da colônia penal Lobo Polar, próxima ao Círculo Polar do Ártico. É a 25ª vez que o ativista é submetido a essa punição.
“Alexei Navalny está de volta à cela de punição por 10 dias por ‘apresentar-se incorretamente’. Total – 25ª cela de punição (e já a segunda desde sua transferência para uma nova colônia), 283 dias no total”, escreveu Yarmysh no X, antigo Twitter.
Ainda nesta segunda-feira, Navalny disse que estava sendo obrigado a ouvir uma música do artista pop “Shaman”, cujo nome verdadeiro é Yaroslav Dronov, todos os dias, às 5 horas da manhã. A canção “I am Russian” é tida como um hino pró-Putin em meio à sua campanha para reeleição.
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No frio do Ártico
A colônia dos Lobos Polares está localizada a quase 2 mil quilômetros de Moscou e é considerada uma das mais duras da Rússia. O crítico de Putin permaneceu desaparecido por 20 dias durante o processo de transferência para o Ártico. Em meio ao sumiço, a equipe de Navalny fez múltiplas tentativas para ter acesso às colônias penais IK-6 e IK-7, em meio às suspeitas de que uma delas abrigava o ex-advogado.
Em audiência no início do mês, o polêmico prisioneiro denunciou que autoridades penitenciárias supostamente o enviaram para uma cela de isolamento por xingar um inspetor de “demônio”, “idiota” e “espantalho” em outubro, mas reconheceu que tinha exagerado nas críticas.
Navalny chamou atenção da elite russa após expor uma suposta rede de corrupção no Kremlin. Ele já cumpria nove anos de prisão por fraude quando os tribunais russos aplicaram uma nova pena, elevando a sentença para quase 30 anos. Ele também foi imputado por desrespeitar o Judiciário. O ativista, por sua vez, acusa o governo russo de censura e de forjar provas para incriminá-lo.