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Comer proteína em excesso prejudica as artérias, diz novo estudo

Cientistas concluíram que o consumo de mais de 22% em uma dieta pode aumentar os níveis de colesterol

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h05 - Publicado em 21 fev 2024, 18h15

O consumo excessivo de proteínas na dieta pode aumentar o risco de aterosclerose – acúmulo de placas de colesterol nas artérias. Essa é a conclusão de um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Os achados foram publicados na revista Nature Metabolism, nesta segunda-feira, 19. 

A pesquisa descobriu um mecanismo molecular faz com que o consumo de mais de 22% das calorias diárias da dieta por meio de proteínas cause uma ativação aumentada de células imunológicas particularmente sensíveis aos aminoácidos derivados dessas moléculas. Assim, eles desempenham um papel importante na formação de placas ateroscleróticas, aumentando o risco da doença cardiovascular, bem como derrames e ataques cardíacos. 

Os achados dos cientistas surgem em meio à crescente popularidade de dietas ricas em proteínas relacionadas à cultura fitness, que, muitas vezes, envolvem métodos que auxiliam na construção muscular e supressão do apetite. Mas a dependência excessiva de proteínas pode não ser tão boa para a saúde a longo prazo. 

O que acontece no corpo

Quando o organismo quebra níveis elevados de proteína, ativa um tipo de glóbulo branco responsável por limpar detritos celulares, conhecidos como macrófagos – que, neste caso, ficam sobrecarregados. Isso leva ao dessas células dentro das paredes dos vasos sanguíneos e à piora das placas ao longo do tempo. Os cientistas sugerem que quanto mais macrófagos ativados, mais elevado é o nível de inflamação das artérias, aumentando os riscos de placas.

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Os experimentos 

Foram conduzidos experimentos iniciais em indivíduos saudáveis para determinar o cronograma de ativação de células imunológicas, após a ingestão de refeições enriquecidas com proteínas. Em seguida, os pesquisadores simularam condições semelhantes em camundongos e macrófagos humanos. 

A partir disso, os cientistas concluíram que um aminoácido (partícula que compõe a proteína), chamado leucina, parece ter um papel desproporcional em impulsionar as vias patológicas ligadas à aterosclerose, pois pode estar envolvida na sinalização celular que contribui para a ativação anormal dos macrófagos. Para os autores do estudo, isso representa uma possível área para pesquisas adicionais sobre modificação de dieta personalizada ou “nutrição de precisão”.

Possíveis desdobramentos 

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Para os cientistas, as descobertas são relevantes em ambientes hospitalares, onde os nutricionistas frequentemente recomendam alimentos ricos em proteínas para os pacientes mais doentes, a fim de preservar a massa muscular e a força. 

Os pesquisadores também esperam que os achados do estudo possam desencadear debates e reflexões a respeito das dietas de forma que reduzam os riscos de doenças. E, em escala maior, até informar futuras diretrizes alimentares. 

Além disso, o estudo indica que as diferenças nos níveis de leucina entre dietas ricas em proteínas vegetais e animais podem ser a explicação para os diferentes efeitos no coração, vasos sanguíneos e saúde metabólica, 

Próximos passos

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O estudo foi conduzido por um curto período de tempo e envolveu um tamanho pequeno de amostra. Por isso, agora, pesquisadores querem expandir os experimentos para responder outras perguntas. O que acontece quando uma pessoa consome entre 15% das calorias diárias de proteínas, conforme recomendado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e 22% das calorias diárias de proteínas; e se existe um ‘ponto ideal’ para maximizar os benefícios das proteínas – como o ganho muscular – evitando o início de uma cascata molecular de eventos prejudiciais que levam a doenças cardiovasculares.

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