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Corte radical de açúcar da dieta é ineficaz e causa prejuízos à saúde

Começo de ano e todo mundo decide emagrecer eliminando o nutriente. Não é a melhor estratégia. A medida provoca alterações de humor, fadiga, entre outros

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h25 - Publicado em 9 jan 2022, 08h00
EQUILÍBRIO - Ausência do ingrediente: risco de graves alterações de humor -
EQUILÍBRIO - Ausência do ingrediente: risco de graves alterações de humor – (Tetra images/Getty Images)

Depois dos clássicos exageros à mesa no fim de ano, o corte brusco de algum elemento da dieta pode parecer um caminho fácil para cumprir a igualmente tradicional promessa de perder peso em seguida. Eliminar o açúcar que vem em guloseimas, refrigerantes, biscoitos e sorvetes é importante para a saúde — o brasileiro consome mais do que deve — e pode ajudar nesse processo. O problema é fazer a remoção de forma radical. Fonte de energia para o organismo, o corte abrupto de açúcares e carboidratos está associado a alteração no humor, fadiga, dor de cabeça e outros sintomas que podem evoluir para quadros mais graves.

Há alguns anos a ciência investiga as relações do açúcar com a liberação de dopamina, uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios (veja no quadro). O neurotransmissor participa dos processos executados no sistema cerebral de recompensa, engrenagem que funciona como uma máquina de bem-estar alimentada por algo que dá prazer ao indivíduo. Pode ser fazer compras ou consumir drogas. O estímulo chega, a dopamina age e o corpo produz hormônios que dão a sensação de alegria. E assim constrói-se um ciclo que pode levar à dependência, a vontade difícil de ser controlada de desfrutar das mesmas sensações novamente. Cortar os estímulos de uma vez, portanto, resultaria em sintomas de abstinência, incluindo tontura, enjoo, ansiedade e quadros depressivos.

arte açúcar

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Não se sabe, ainda, se a interrupção radical produziria resultados como os das pessoas forçadas a parar abruptamente de consumir drogas. Mas há um consenso: alimentos atraentes ao paladar ativam o sistema de recompensas. Uma comparação conhecida dos especialistas vem de um estudo com cobaias apontando que, entre água adoçada e cocaína, 94% dos camundongos ficaram com a primeira opção. Mas não há evidências científicas sólidas o bastante para afirmar que o açúcar provoque dependência e síndrome de abstinência apesar de os sintomas manifestados pela restrição serem parecidos.

O que pode se afirmar com certeza é que a retirada só do açúcar de adição, como o das colheradas no cafezinho, não causa mudanças significativas. O problema está na suspensão de tudo o que contém açúcar, como as frutas. “O corte reduz a disponibilidade de uma fonte de energia com a qual o cérebro está acostumado”, diz a médica Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Além disso, a restrição até pode levar à perda de peso, mas dificilmente será mantida por muito tempo. A orientação é reduzir a ingestão dos açúcares que não trazem benefícios, como os doces, passando longe das tentações. Pode ser amargo, mas é bom conselho.

Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771

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